Rebeca Andrade nas olimpíadas de Tóquio
Divulgação /Ricardo Bufolin

O ouro não veio, nesta quarta-feira (29), mas o espetáculo foi brasileiro, com nome e sobrenome: Rebeca Andrade.

O hino no lugar mais alto do pódio foi americano, porém, a música que estava na cabeça de todos foi “Baile de Favela”. A ginasta, de 22 anos, encantou todos que assistiram sua apresentação no solo, valido pelo individual geral. Com a prata, tornou-se a primeira atleta a conquistar uma medalha na ginástica artística dos Jogos Olímpicos.

A final foi uma disputa de alto nível, com apenas meio ponto separando a primeira da quarta colocada. Com 57,298 pontos, Rebeca Andrade só ficou atrás da americana Sunisa Lee, que somou 57,433 pontos. O bronze foi para a russa Angelina Melnikova, com 57,199 pontos.

Para cuidar da saúde mental, a grande favorita ao ouro da ginástica, Simone Biles não entrou em ação. A estrela ficou na arquibancada e vibrou bastante com as apresentações de Rebeca e de Sunisa.

Rebeca Andrade na história

Rebeca Andrade nas olimpíadas de Tóquio
Divulgação / Laurence Griffiths

Foi por detalhe que o ouro não veio, por um passo para fora no solo do “Baile de Favela”. Nada que diminua a conquista de Rebeca, que ainda disputará duas finais em Tóquio: domingo no salto, e segunda-feira no solo. Mais duas chances de continuar escrevendo seu nome na história do esporte brasileiro. E alguém tem dúvidas que vem mais medalhas por aí?

Daniele Hypolito foi a primeira brasileira a conquistar uma medalha em Mundiais, uma prata no solo, em 2001. Daiane dos Santos, a primeira campeã mundial, em 2003. Rebeca em 2021 se tornou a primeira medalhista olímpica.

O feito da medalhista olímpica é ainda mais impressionante por causa da sua trajetória. Foram três cirurgias no joelho direito entre 2015 e 2019. Muito tempo afastada do ginásio. Mas, como uma verdadeira campeã, ela não desistiu. Superou todos os obstáculos e escreveu seu nome na história do esporte brasileiro.

Após o feito inédito, Rebeca Andrade se emocionou, demonstrou enorme gratidão à todos que fizeram dessa história:

“Essa medalha não é só minha, é de todo mundo. Todos sabem da minha trajetória, o que eu passei. Se eu não tivesse cada pessoa dessa na minha vida, isso aqui não teria acontecido. Tenho certeza disso. Sou muito grata a todo mundo mesmo. Acho que mesmo se eu não tivesse ganhado a medalha, eu teria feito história, justamente pelo meu processo para chegar até aqui. Não desistam, acreditem no sonho de vocês e sigam firmes. Dificuldade sempre teremos, mas temos que ser fortes suficientes para passar por dia. Tive pessoas maravilhosas que me ajudaram a passar por esse processo, espero que vocês tenham pessoas incríveis para ajudar a chegar no topo assim como cheguei. Eu sou muito grata. Mando todo meu amor para todas as ginastas que passaram por aqui, que estão feliz com meu sucesso, estou muito grata mesmo.”

A medalha de Rebeca foi de prata graças ao VAR. Ela tinha recebido 13,566 pontos na trave, mas a comissão técnica brasileira entrou com um recurso para revisão da nota de dificuldade. Os árbitros acataram o pedido e aumentaram um décimo na nota, indo para 13,666 pontos. A diferença entre Rebeca e Melnikova, a terceira colocada, foi de apenas 0,099.

O caminho até a prata

Rebeca Andrade nas olimpíadas de Tóquio
Divulgação / Ricardo Bufolin

O caminho até a medalha de prata não foi fácil, foi cheio de emoção.

E se não fosse o VAR, talvez a prata tivesse sido um bronze. Rebeca Andrade tinha recebido 13,566 pontos na trave, mas a comissão técnica brasileira entrou com um recurso para revisão da nota de dificuldade. Os árbitros acataram o pedido e aumentaram um décimo na nota, indo para 13,666 pontos.

O “pequeno gigante” acréscimo foi determinante para o resultado final. A diferença entre a brasileira e a terceira colocada Melnikova, foi de apenas 0,099.

Confira o desempenho de Rebeca em cada aparelho:

Salto

Rebeca foi a segunda a se apresentar no salto, seu aparelho mais forte. Ele executou um Cheng muito cravado. Um salto com alto grau de dificuldade. So teve um desvio de trajetória e pisou um pouco fora da área.

Com a apresentação, ela tirou uma excelente nota, que a deixou na liderança: 15,300 pontos. A americana Jade Carey, outra especialista do salto, também realizou um Cheng muito bom e tirou 15,200 para ficar na cola da brasileira. A russa Angelina Melnikova conseguiu 14,633 pontos e a americana Sunisa Lee 14,600.

Barra

Rebeca foi a primeira a se apresentar nas barras assimétricas. Ela cravou sua série, inclusive acertando ligações de movimentos que não tinha feito na classificatória. Com isso, a brasileira conseguiu melhorar a nota de dificuldade em três décimos, garantindo 14,666 pontos.

Rebeca manteve a liderança, mas viu Sunisa Lee se aproximar bastante. Especialista nas barras, a americana conseguiu 15,300 pontos. Angelina Melnikova também cravou as barras, um ponto forte da russa, tirou 14,900 e ficou na terceira posição.

Trave

O equilíbrio na trave seria a chave para o pódio. Jade Carey caiu e deixou a briga pelo pódio. As russas Urazova e Melnikova cravaram e esquentaram a briga. Sunisa Lee teve alguns desequilíbrios, mas se manteve à frente das rivais. Rebeca foi a última a se apresentar.

Muito firme, a brasileira passou pelo aparelho que é seu ponto menos forte (fraco não é), com 13,666 pontos – a arbitragem havia dado um décimo a menos de dificuldade, mas o recurso da equipe brasileira subiu a nota de Rebeca.

Após a trave, Sunisa Lee assumiu a liderança, deixando Rebeca Andrade em segundo.

Salto

Das candidatas ao pódio, a jovem Urazova foi a primeira a se apresentar, fez uma série bem executada, mas com menor grau de dificuldade e tirou 13,400. Acabou ultrapassada pela compatriota Melnikova, que ficou com 13,966 no solo.

Sunisa Lee passou bem, conseguiu 13,700 pontos e passou as russas. Rebeca foi a última das favoritas a competir. Na primeira acrobacia deu um passo grande para fora do tablado, fazendo com que perdesse pontos. Ela se recuperou e cravou as passadas seguintes, mas deu um passo para fora na última acrobacia. Foi o que lhe tirou o ouro, mas lhe rendeu 13,666 pontos para conquistar a inédita prata.

Mesmo sem tirar a nota mais alta, Rebeca foi a mais festejada durante a apresentação. A brasileira encantou, proporcionando um verdadeiro espetáculo.

Rebeca Andrade nas olimpíadas de Tóquio
Divulgação / Ricardo Bufolin

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